segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Lambe-botas


"São mulheres japonesas que estudam a tradição milenar da arte da sedução, dança e canto, e se caracterizam distintamente pelos trajes e maquiagem tradicionais. Contrariamente à opinião popular, as gueixas não são um simples equivalente oriental da prostituta. No Japão a condição de Gueixa é cultural, simbólica repleta de status, delicadeza e tradição."

As lambe-botas usam saltos altos que magoam os pés e vestidos fora de moda, andam de carro em contra-mão, pintam-se todas e não sabem dançar. Ficam escandalizadas porque digo foda-se em bares chiques ou porque parto copos por querer. O pior de tudo é que se metem na droga. Passadeiras vermelhas, passadeiras vermelhas...nem chique nem mique!
Os vossos sonhos são os meus pesadelos.
Causa-me um certo nervosismo e até mesmo raiva e incredulidade ler coisas em que todas as flores são enormes e coloridas, as borboletas voam eternamente e todas as meninas são pálidas, de olhos azuis, cheiram a malmequeres e são felizes. Vocês que escrevem isto, por acaso nunca entraram num prédio em construção e partiram um tijolo ou despejaram um saco de cimento? Nunca entraram numa cantina prestes a servir quinhentas refeições para verem mulheres de pele estragada a cheirar a cebola e suor? Não sabem que as borboletas duram apenas pequenas fracções de tempo e que antes disso foram lagartas horríveis?
Desculpem menininhas ludibriadas pelo mundo da fantasia anormal, mas...dá-me prazer estragar o bonitinho!

O Giradisquismo.



Será que ainda ninguém se lembrou de misturar, em 33rpm, A Internacional com um qualquer discurso de Adolf Hitler?


"Mas aos 16,
só duma vez
tens o mau gosto de vestir
como os DJ's"

O pior é quando o mau gosto se prolonga até aos 26...36...46 e o suplementar o 56.

Tanto no trabalho como na vida


É muito engraçado não saberem quem tu és, fazerem-te a vida negra, negarem-te direitos e assumirem-se como líderes absolutos. O mais engraçado é que quando descobrem quem tu és e as capacidades que tens e para as quais estás devidamente habilitado vêm pedir-te favores. Podia simplesmente dizer que não, mas não sou dessas, digo sempre que sim, para ter o prazer de os ver rebaixarem-se mais uma vez e congratularem-me pelo meu trabalho.
Passo a passo se conquista o mundo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Até já.



Levo-te comigo.

Miguel Esteves Cardoso - in " Os meus Problemas"


" A amizade, entre um homem e uma mulher é (o leitor que escolha) um bico-de-obra; uma coisa muito linda; ainda mais complicado que o amor; absolutamente impossível; amizade da parte da mulher e astúcia da parte do homem; astúcia da parte da mulher com amizade da parte do homem; só possível se a mulher for forte e feia; impossível se o homem forminimamente atraente; receita certa para a desgraça; prelúdio certo para o romance; indescritível; inenarrável; sempre desejável; o que Deus quiser; o diabo. O leitor que não tenha escolhido todas as hipóteses não percebe nada disto. Quanto à leitora, o mais provável é ter ficado a pensar , já que as mulheres portuguesas, por dura experiência, percebem mais destas coisas que os homens. Em Portugal, a amizade entre pessoas de sexos opostos (ou sexualidades opostas) é sempre muito problemática, dada a chamada «cultura vigente». A cultura vigente é dominada pelo conhecido Factor SPAC, que influencia todas as relações entre homens e mulheres. O factor SPAC (que significa, em repreensível português, Salto Para A Cueca esta sempre presente. E a mulher que repara que o seu grande amigo esta disposto a discutir todos os problemas dela com a maior paciência e compreensão, mas que começa a arroxar e a esverdear, a puxar o lustro à cadeira com o rabo, sempre que ela lhe revela estar muito feliz com um novo amor. Ou (pior ainda) com um velho. Se o amigalhaço suporta a miséria mais camilianacom um sorriso, mas não aguenta a mínima menção de alegria, se ajuda muito nos dissabores e desamores mas empata ainda mais nos sabores e amores, levanta-se no espírito da mulher, legitimamente ou não, o factor SPAC. E ela interroga-se: «Se calhar este também me quer Saltar Para A Cueca? E se calhar quer. Se isto é ou não um crime, é o que se vai ver. O problema não é exclusivo das mulheres, também os homens podem atribuir a certos comportamentos femininos uma medida do factor SPAC (sobretudo o tipo de homem que pensa em Catherine Spaak, a esquecível actriz de cinema, antes de pensar em Paul-Henri Spaak, o memorável espírito impulsionador da CEE). O homem português tende a distinguir mais claramente entre Amigos e Amigas. Os Amigos são para copos e conversas escandalosas de bola e de «boas». E são também, nos casos extremos, para Sempre. As Amigas são para chavenas de chá e conversas profundas sobre a natureza do Inverno. Isto sem falar nos típicos caraméis para quem amigas é: todas as pessoas do sexo oposto com número de telefone, olhos bonitos e uma possibilidade mínima de 1 por cento na tabela SPAC. A amizade entre homens e mulheres pode chamar-se isenta de factor SPAC quando se fala livremente, como os amigos falam, de terceiros amores. Se uma rapariga se sente a vontade para chegar ao pé de um rapaz e dizer pá! Sabes o que me aconteceu? Apaixonei-me! Não é porreiro? e se o rapaz acha que sim, que é bastante porreiro, então pode dizer-se que o factor SPAC está de ferias. Claro que haverá sempre alguns ligeiros ciúmes «Afinal já não posso ir contigo à festa — vou com a Gisela / o Giselo ao concerto, desculpa lá». Mas nada que ponha em perigo a amizade. Uma das maneiras tradicionais de atenuar o factor SPAC e S mesmo PAC. «Pronto, agora que já estamos despachados neste departamento» diz amulher para o homem, atirando-lhe o maço de cigarros [está bem, pronto, de SG Pack], — vamos lá a ver se ficamos amigos». Os ex-amantes, depois do grande holocausto, podem dar bons amigos (desde que não se tenham amado de mais e dado cabo dos dois coraçãozinhos logo à partida). No cenário pós-SPAC (reza a teoria do Cacaracá conforme se expõe nos cafés do Porto e Lisboa), a curiosidade sexual é imediatamente saciada e a amizade pode florescer, desimpedida das ervas daninhas do desejo. E caso o salto seja em altura, homem e mulher, presumivelmente, decidem continuar amantes.Esta teoria (do Machao-Latino, ou não presta, porque supõe que o SPAC é uma coisa simples e toda a gente sabe que, na cama, fazer amor é uma coisa, fazer só por fazer e outra, mas fazer amizade não é nem uma coisa nem outra. Mas a teoria oposta (da Machona-Lusitana, «M-L à mesma)também não serve. Imaginando que o factor SPAC nunca existe entre um homem e uma mulher que sejam verdadeiros amigos, caem no simplismo contrário. Tal como o homem que pensa «Que chatice! Isto nunca mais passa da amizade para o que interessa!), a mulher que pergunta: «Será que este é mesmo meu amigo ou estará a fazer-se ao piso?» está a cometer o mesmo erro. É como perguntar acerca de um pastel de nata se é mesmo feito de farinha ou só de nata. Portugal não é só Lisboa, mas Lisboa também é Portugal (e não é pouco).Se fosse como os M-L machos e fêmeas diziam, então os homens só podiam ter amigas muito feias (o que é limitativo) e as mulheres só podiam ter amigos muito desinteressados (o que seria muito desinteressante). A própria ideia de uma amizade inocente põe a hipótese de uma amizade culpada. Ora ninguém pode ter culpa de ser amigo doutra pessoa. A verdade é outra. Como as mulheres são diferentes dos homens (por exemplo, os segundos sentem-se mais obrigados a tentar SPAC das primeiras do que as primeiras PAC dos segundos), é natural que essa diferença se faça sentir nas relações de amizade. Quando não existe a mínima atracção de parte a parte, tudo bem. Mas quando existe, também não é mau. Alias, se houver uma gestão elegante dos vários frissons envolvidos, pode até ser melhor. Vejamos. Em geral, as mulheres portuguesas gostam mais de ter amigos do que ter amigas. 0 Problema é que os homens também. Isto leva a um desequilíbrio considerável na oferta e na procura de amizades. Posto de maneira brutal, não faltam mulheres dispostas a serem amigas de homens. Os homens é que faltam mais. E aproveitam-se disso. Por outro lado, as mulheres, regra geral, tornam-se amigas dos homens pondo a raridade e o valor da amizade acima da maior vulgaridade do SPAC. Tanto mais que o homem português não põe facilmente a hipótese de uma mulher se tornar amiga dele para lhe SPAC. O raciocínio típico do Homo lusitanus é simples: «0h... se ela me quisesse SPAC escusava de estar com tanto trabalho! Em Portugal é assim. O homem acha que, no que toca a SPAC, é ele que tem de trabalhar. E a mulher também conseguiu convencer o homem que é isso que ela acha também. Logo, o trabalho de amizade de uma mulher nunca é levado a mal pelo homem (é levado por outras mulheres; mas essa é outra história). Em contrapartida, o trabalho do homem é sempre posto em causa. E muito bem posto, aliás. Se ele propõe «Talvez fosse melhor ficarmos aqui em casa hoje à noite, não ouviste o boletim meteorológico?», ela faz muito bem em pensar: « Está bem, filho, já vais ver a imagem do satélite...». Mas faz mal em duvidar da amizade dele só por causa disso. A verdade é que o amigo talvez gostasse de lhe SPAC, não lhe cairia mal, não senhor, mas pronto, se não puder ser, ninguém morre por causa disso, ficamos amigos à mesma. Seja por natureza, seja por formação, o homem tem sempre de manter presente a possibilidade de SPAC da mulher. Pode ser de maneira Roskoff (tentando abertamente) ou pode ser de maneira Rachmaninoff (pensando, pianinho, na eventualidade de ficarem só os dois numa ilha deserta depois de uma bomba atómica ter destruído toda a humanidade), mas lá ter de ser, tem. Resumindo: para as mulheres, como amigas de homens, a «amizade, amizade,amores à parte», enquanto para os homens é mais «amizade, amizade, e uns amores a parte, se puder ser, se faz favor, se não também não faz mal». Na verdade, a amizade e o factor SPAC não são mutuamente exclusivos. Pode ser-se muitíssimo amigo de alguém que se deseje muito, pouco, muitopouco ou nada. O factor SPAC tem o mesmo peso na amizade que o MaxFactor no amor. Nem mais. "

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Easy Rider


Não sendo uma praga nem chinesa nem judia, aquela de desejar a um inimigo que "viva uma época interessante" é cruel e certeira. Quanto mais interessantes as circunstâncias, mais desconfortável e difícil é a vida. Do estado de graça passa-se ao estado de chalaça, seguido por um de devassa e finalmente o mais ambicionado, o mais duradouro e familiar o da desgraça. É certinho. E é também - é preciso confessá-lo - muito reconfortante.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

CLOSER


Porque é um filme autêntico, humano, real. Atraem-me os diálogos intensos. As relações humanas mais mundanas e as suas oscilações. O amor é um gajo estranho.
Dispenso com facilidade filmes de animação e ficção científica.
Se dependesse de mim talvez ficasse no escuro até atingir o outro escuro. Obrigada.
Se alguém achar que já venho muito tarde eu digo que se acham que ainda existem timings certos então, estão fora de tempo.
Este filme deve representar tanto quanto todas as realidades envolvidas de quem o vê.
Para mim representa mais do que isso, porque se não for para se superar é melhor não se avançar. Não representa passado, vivência, experiência. Não representa um "eu" ou um "tu", ou um retrato, ou um fracasso, ou querer mais perto, ou uma vontade, ou uma vida.

Representa que não adormeci. É uma pobre coitada não é?

Mas sabe o que é bom.

terça-feira, 2 de outubro de 2007


Eu escondo, tu escondes, ele esconde.
v. tr.,
ocultar;

encobrir;

tapar;

disfarçar;

dissimular;

v. refl.,
ocultar-se;